Terapia

lanterna

Como sabem, sou psicóloga e além de atender mães no consultório, tenho contato diário com muitas mães em grupos do facebook. E infelizmente, tenho cada vez mais escutado delas reclamações de suas psicólogas, psicanalistas, terapeutas, independentemente das suas linhas teóricas, meterem o bedelho. Sim, METEREM o bedelho, ditando regras e dando carteiradas em como elas devem criar seus filhos. Chegam ao cúmulo de dizerem como devem ser a rotina delas em casa, em que horas devem acordar, como deve ser a organização das tarefas diárias com os filhos, que horas devem dormir, como, onde e etc.

Veja bem, não estou falando de uma consultoria materna, onde mães estão buscando melhorar, criar ou mudar alguma coisa no dia a dia e na criação de seus filhos. Tampouco estou falando de situações que estão prejudicando essa dupla, essa família, ou mesmo algum caso em que a mãe esteja enfrentando algum problema emocional em relação aos cuidados, ou devido aos cuidados com o filho. E nem mesmo estou falando que a mãe abordou o assunto, pediu orientação ou demonstrou estar com algum transtorno emocional ou dificuldade em relação a sua rotina como mãe e principal cuidadora.

Estou falando de mães que chegam até mim, sejam em grupos maternos ou terapia, arrasadas, invadidas, sentindo que estão fazendo tudo errado, culpadas e muito desconfortáveis em continuar um processo terapêutico em que estão precisando e querendo muito passar, por questões outras que nada tenham a ver com a sua forma de marternar,  mas que por serem julgadas, avaliadas e repreendidas (sim, isso acontece!) por suas terapeutas, abandonam a terapia. Aí sim, podendo ser prejudicial à criação de seus filhos. Pois estar enfrentando uma dor emocional, um transtorno psíquico e parar um processo, por sentirem-se invadidas e sofrendo interferências constantes, não é, e não será nada benéfico para essa mulher e sua família.

Mesmo que o profissional enxergue ali um sintoma no modo daquela mulher marternar, ele NÃO PODE julgá-la! Nem interferir, ditar regras e insistir em alguma coisa baseado nos seus próprios pré-julgamentos de como cada um deve criar e educar uma criança. Ele deve ir com calma, observando, talvez apontar alguma coisa que ele esteja vendo e que a pessoa analisada ainda não “se deu conta”. Mas jamais criticar e impor o seu jeito de criar, ou como ele acha que deve ser, à sua paciente.

Muito tempo e energia se perde, além de prejudicar e criar mais um problema para aquela mãe, ao tentar impor regras e ficar martelando em assuntos que não lhe dizem respeito.

Colegas! Não fiquemos presos a teorias (na grande maioria das vezes criadas por homens), não fiquemos engessados em modelos ultrapassados e “teorias” de supernanny para criação dos filhos. Vamos olhar verdadeiramente para aquela mulher que está na nossa frente e vamos enxergar o que elas estão realmente nos dizendo? Vamos segurar a nossa língua e parar de interferir na vida alheia? Vamos cuidar da dor e caminhar e estar de mãos dadas com essas pessoas em suas jornadas para o autoconhecimento e autocura, porque ninguém cura ninguém né? A gente no máximo acende a luz para o outro trilhar SEU PRÓPRIO caminho.

Termino com uma frase que tento lembrar sempre quando estou com alguém no consultório:

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas uma outra alma humana.” – Carl Gustav Jung

Simone

Sobre simone cortez

Psicóloga, escritora e sonhadora em tempo integral!
Esse post foi publicado em Maternagem, psicologia e marcado , , , , , , , . Guardar link permanente.

Deixe um comentário